A cadeia
repleta de presos e por toda a parte se procurava Luiza Cantofa, a velha
Cantofa que tinha amotinado aqueles selvagens. Apenas Cantofa e sua
neta, a jovem Jandy continuavam ocultas na grupos da serra de
Portalegre. Alquebrada pelos anos e em estado valetudinário, Cantofa
esperava que serenasse a ira do povo para poder seguir em busca de seus
parentes. Perseguida pela fome, Jandy procurava alimentos nas roças e
colhia cajus nos sitos alheios. Um dia, foi vista pelos donos dos
sítios, que ocultamente, seguiram - na ate o seu esconderijo. A noticia
da sua existencia de Cantofa naquela serra espalhou - se e o povo foi a
procura de Cantofa. Debaixo de um frondoso cajueiro, dormia ela a sesta
quando foi despertada pelo povo. Abrindo um pequeno oratorio ajoelhou -
se aos pés do Cristo Crucificado e começou a rezar o oficio de Nossa
Senhora. Jandy, banhada em lagrimas, pedia perdão ao povo perdão para
sua querida avó. Um dos algozes, vendo que o pranto de Jandy e a reza da
velha cabocla obstavam a satisfação do seu extinto sanguinário,
aproximou-se dela e quando a velha resava a coluna: Deus vos salves
relogio, que andando atrasado serviu de sinal... Cravou o punhal no
peito da anciã que caiu fulminada e levada em sangue: Jandy caiu
desmaiada aos pés da sua avó. No seguinte, Cantofa foi sepultada no
mesmo lugar onde foi assassinada. Jandy não mais foi encontrada e não se
sabe o seu destino.
Fonte: Histórias e Vultos da Minha Terra; Valter de Brito Guerra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário